Por que devemos nos preocupar?
Computadores usados são lixo eletrônico! Foto: Aidon (Getty Images) |
O Brasil possui uma das maiores indústrias de reciclagem do Planeta. No
entanto, apenas para outros tipos de material, como o alumínio, e não para o
chamado lixo eletrônico, que se não é corretamente reciclado pode liberar
elementos químicos tóxicos. “Na área de reciclagem de eletrônicos, nosso país
ainda tem muito a desenvolver” constata Felipe Andeuza, um dos integrantes do
grupo Lixo Eletrônico, um site que tem por
objetivo principal agregar conhecimentos, agentes e discussão sobre o assunto.
Quando se trata de descartar um computador quebrado, bateria estragada
ou celular usado, diversas ações podem ser tomadas para que o produto seja
corretamente reciclado e não enviado a aterros e lixões impróprios. Uma opção é
contatar a empresa fabricante do produto a ser descartado e descobrir se ela
possui algum programa de reciclagem de seus produtos. Em alguns países, a
reciclagem de resíduo eletroeletrônico (weee) é de responsabilidade dos
próprios fabricantes. No Brasil, o projeto de lei nacional 1991/07, que está a
dois anos em discussão, pretende regulamentar o descarte de resíduos sólidos em
todo o território nacional.
Empresas com programas de reciclagem
Um exemplo de empresa que possui um
programa de devolução gratuita e reciclagem de seus produtos, evitando a
destinação incorreta, é a HP Brasil. A HP incentiva seus
clientes a descartarem seus equipamentos antigos através de campanhas de trade
in, isto é, comprar um produto novo entregando um item usado como parte do
pagamento. O site da empresa garante que todos os equipamentos passam por um
processo rígido de desmontagem e separação de suas partes para posterior
trituração. Diz ainda que as baterias são enviadas para um centro de
reprocessamento no qual são cortadas e moídas e que o resultado final são sais
e óxidos metálicos que podem ser utilizados na fabricação de outros produtos
como tinta, cerâmica, vidro e refratários. A HP Brasil promete que entrará em
contato com o usuário que decidir descartar seu produto através do envio de um
e-mail (para reciclagem@hp.com), informando possíveis locais para a devolução de quaisquer tipos
de objetos.
Já a Itautec, outra
grande empresa fabricante de computadores, possui um programa ambiental desde
2001 e recicla os equipamentos de sua marca desde 2003. Segundo João Carlos
Redondo, gerente de sustentabilidade, “atualmente a empresa recicla em torno de
460 toneladas de produtos por ano, oriundos de clientes corporativos, sendo
muito pouco de clientes pessoas físicas”. O gerente ainda explicou que “100% de
um computador é reciclável, sendo 97% no Brasil e 3% em empresas especializadas
na Bélgica e Cingapura, em função da tecnológica disponível”.
A Nokia Brasil, empresa
fabricante de telefones celulares, por sua vez, segue as orientações do
Conselho Nacional do Meio Ambiente para reciclar os aparelhos e baterias que
fabrica. Segundo a consultora de relacionamentos da empresa, Noemia Gonçalves,
“O programa de reciclagem consiste da coleta de baterias inutilizadas através
de urnas disponibilizadas nas lojas próprias das operadoras e nas assistências
técnicas autorizadas. Posteriormente, as mesmas são armazenadas e enviadas a
uma empresa na França, que atua internacionalmente na área de processamento de
baterias”. Os componentes dos aparelhos são altamente poluidores, porém podem
ser recuperados e utilizados para outros fins. Além disso, grande parte dos
resíduos é transformada em energia elétrica.
O que você pode fazer com o seu lixo
Para descartar o lixo eletrônico, existem ainda outras opções, como
enviá-lo a empresas especializadas em recolher e separar esse tipo de material
ou até mesmo doar um objeto usado para quem saiba reaproveitá-lo.
Um exemplo, entre muitos, é a Lixo Digital, uma empresa que coleta
resíduos eletroeletrônicos provenientes de residências e pequenas empresas.
Simone Dianni, responsável pela área de comunicação da empresa, explica que
toda matéria prima é vendida para ser transformada em insumo. “Costumamos
vender a matéria prima para compradores de resíduos sólidos que de fato
retornem o material à cadeia produtiva” diz ela. Simone acredita que é preciso
fazer um trabalho de reversão cultural no Brasil e define “um consumidor é
responsável e comprometido na medida em que se preocupa com o descarte correto
de um aparelho eletrônico e pesquisa a origem de um produto novo, só comprando
quando ele for feito de material reciclável”. A empresa, que tem sede em
Itatiba, pode ser contatada pelo site por telefone.
Catálogo online da artista |
O artesanato é uma outra maneira de reaproveitar
os equipamentos eletrônicos usados de forma artística. É o que vem fazendo Naná
Hayne há alguns anos. A maior parte do material que ela recebe é de doação de
técnicos em informática. Além das peças oriundas de computadores usados, Naná
diz que também trabalha com celulares, calculadoras, impressoras e outros
resíduos do lixo tecnológico. “Às vezes aparecem coisas bem interessantes e eu
uso para meu trabalho” declara ela e acrescenta “eu gosto de reutilizar, então
não me restrinjo a somente um tipo de material, quase sempre ‘olho em volta’ e
vejo o que está disponível para trabalhar”. O blog Vem do Lixo conta com
imagens dos seus produtos e explicações sobre como a artista faz seu trabalho
usando o lixo eletrônico.
O que fazemos com o lixo é assunto sério! Gostei da iniciativa.
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