Casal
conta como pretende manter o mesmo estilo de vida que possui hoje, mas indo
morar, estudar e trabalhar no Canadá
A designer gráfica Julia Melo, de 30 anos, freelancer
e sócia de uma pequena editora com a mãe, e seu esposo, Ronald Augusto, 31 anos,
formado em gestão empreendedora, atuando na área de gerenciamento de categoria
em uma rede de supermercados, moram juntos em um apartamento na região de
Pinheiros, em São Paulo, há quase 5 anos. Desde janeiro, porém, esse estilo de
vida ganhou um novo significado quando tomaram uma decisão: “vamos continuar
morando de aluguel para não haver nada que nos prenda, assim poderemos ir viver
no Canadá”.
Qual
o plano de vocês?
Julia: Bem, estamos pensando nisso desde janeiro de 2016. Começamos
pesquisando quais os melhores países para se viver, que fossem fáceis de
conseguir cidadania para quem não tem parentes. Nós ficamos entre Austrália,
Nova Zelândia e Canadá.
Ronald: No fim das contas, foi o fuso horário que definiu, não queríamos
algo que fosse tão distinto de São Paulo, pois assim a Julia poderia continuar
com alguns clientes daqui, fazendo jobs
à distância.
Julia: Agora estamos decididos: vamos em julho de 2017.
O
que os motivou a tomar essa decisão?
Ronald: Já estamos com 30 anos, daqui a pouco não dá mais tempo de fazer
essas doideiras (risos) e lá teremos mais oportunidades também.
Julia: Para sermos francos, estamos um pouco desiludidos com a política e
a situação financeira do Brasil, queremos viver em um lugar que valorize mais
as pessoas. Acreditamos que é uma experiência com ganhos pelos dois lados,
conseguindo morar lá definitivamente ou não. Então por que não arriscar? Não
temos nada que nos prenda aqui no Brasil!
E onde
querem morar no Canadá?
Julia: Na cidade de Toronto, já vimos que existe voo direto de São Paulo.
E vamos ter o mesmo estilo de vida que aqui, viver de aluguel também. Descobrimos
que um apartamento equivalente ao que moramos hoje, em Pinheiros, e pagamos
cerca de R$ 2.700,00 encontraríamos por R$ 1.300,00 em Toronto.
Ronald: Sobre o Canadá, em si, além do fuso horário permitir fazer
trabalhos para o Brasil de forma mais direta, eles aceitam imigrantes numa boa
e o dólar canadense é muito mais barato que euro ou dólar americano.
Já
pesquisaram a respeito do visto?
Julia: Bastante. O processo de visto demora cerca de 2 meses, vimos os
documentos já, mas a imigração é mais complicada, leva uns 2 anos. O plano é:
eu pegaria um visto de estudante que me permitiria trabalhar 20 horas por
semana.
Ronald: Eu, como cônjuge, ganharia um visto de trabalho que me permitiria
atuar full time, 40 horas por semana.
Com esse visto podemos ficar o tempo do curso dela e mais o mesmo tempo novamente.
Julia: Se for uma pós-graduação de 2 anos, conseguiremos ficar por 4 anos
com o visto, por exemplo, e na segunda metade do período eu já poderia
trabalhar full time também.
Como
vocês estão organizando as finanças para essa mudança?
Ronald: Fizemos as contas e vimos que, mesmo alugando um apartamento, com
um pouco de disciplina, conseguiremos guardar algum dinheiro, portanto não
precisamos alterar nosso estilo de vida, ainda bem, porque adoramos poder morar
em Pinheiros.
Julia: Também já juntamos mais da metade do valor vendendo um apartamento
que tentamos adquirir por meio de financiamento. Há alguns anos, compramos na
planta e percebemos que não valia a pena, ficamos assustadíssimos com os juros
das construtoras, o quanto a gente pagava e não mudava o saldo final, imagina
ficar 30 anos presos a essa dívida?
Quanto
pretendem juntar para a viagem?
Julia: Vamos levar no total 150 mil reais, daria para ir com menos, mas
somos muito organizados. É um valor que pensávamos em usar de entrada em um
apartamento próprio algum dia, mas felizmente os planos mudaram para melhor!
E
quando estiverem lá, como pretendem se manter?
Julia: Bom, eu faria uma pós-graduação dentro da minha área, trabalharia
com os clientes atuais do Brasil e tentado prospectar novos cliente por lá. Pretendo
estudar design digital, pois atualmente minha especialidade é design gráfico
impresso e editorial, mas essa área está enxugando. Então, mesmo se a gente
acabar voltando para o Brasil, terei uma especialização numa área que está
crescendo e com curso no exterior.
Ronald: Já eu estudaria inglês no início para melhorar meu nível e
paralelamente procuraria algum trabalho genérico em escritório, tipo assistente
comercial ou administrativo, seria um downgrade
na minha carreira, mas compensa, vamos manter um padrão de vida parecido, pois
o custo de vida lá é bem menor.