Quase grávida

Ela havia parado de tomar a pílula anticoncepcional. Foram 6 meses de períodos regulares, até o começo de janeiro. No carnaval, porém, nada lhe veio. Na quaresma, então, apenas o anseio. Melhor procurar um especialista!

- Doutor, já faz mais de 60 dias que não tenho...

- A senhorita pode estar grávida!

Mas como? Ela se lembrou das duas virgens que conhecia: Maria de Nazaré - mas não, ela não era tão santa assim pra ser a nova escolhida de Jesus. E Joana a Virgem - aquela da novela mexicana que recebeu uma inseminação artificial após um engano hospitalar.

- Eu nem cheguei a ser internada recentemente, doutor.

- Como é?

- Deixa pra lá... Acabo de me lembrar que não sou mais virgem!

Ainda assim, ela poderia ter sido "contaminada" de alguma forma. Há um crença popular antiga que diz que sentar num banco ainda quente, depois que um homem se levantou, pode levar à gravidez. Será que cumprimentar um rapaz que acabou de sair do banheiro (e não lavou a mão) também transmite gravidez ou apenas bactérias coliformes?

- A senhorita teve relações sexuais ultimamente?

- Com homem?

- Mas é claro!

- Não, foi no máximo um beijinho no cinema, eu juro!

Poxa, é só assim que se faz pra engravidar? E o doutor explicou que, mesmo assim, a fecundação do óvulo pelo espermatozoide é um fenômeno de extrema precisão, viável apenas em alguns dias do mês, comparável, segundo ele, a um ônibus espacial ser lançado com cálculos perfeitos para atracar precisamente numa base em órbita na Terra.

Ainda assim, ele fez exames de toque, por fora e por dentro, para concluir que o útero dela estava em tamanho normal. Ela descartou a hipótese de uma gravidez alienígena ocorrida após eventual abdução e ficou feliz por aliviar a barra do Boto-cor-de-rosa, que já tem pensão suficiente pra pagar por todos os filhos atribuídos a ele.

- Mãe, eu estive quase grávida!

- Que história é essa menina?

- Só faltou a fecundação...