Sobre o blog

"Resultado que nasce incansável da arte de lapidar palavras e transmitir conteúdos"

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Uma mudança tranquila: era tudo que ela queria

Mudar de apartamento? Disseram que era um tormento. Mas Noemi tinha experiência, não esperou o contrato vencer a carência. Começou bem antes a procurar um novo lugar para morar.

Apartamento residencial ou casa com quintal? Em prédio, ela preferia, pois mais segura estaria. A região, o tamanho e o preço, tudo conforme seu apreço. De posse do contrato, Noemi acertou a mudança de fato:

- Alô, o senhor faz carreto? Vou me mudar para perto. Tenho geladeira, máquina e fogão, cama, mesa, estante e um sofazão. Se cabe no elevador? Não sei não, senhor. Quanto vai me custar? Tudo bem, eu posso pagar. O senhor me traz umas caixas de papelão? Facilita um bocado, não é não?

Mais uma etapa vencida, nessa mudança de vida.

É hora de encaixotar, mas por onde ela deve começar? Se guardar as panelas primeiro, ficará sem comer o dia inteiro. Melhor embrulhar a louça com jornal, para que nada se quebre, afinal, vidro é perigo.

- Nossa, é pote que não acaba mais, cacarecos e outros que tais. Esse é um bom momento para desapegar e o que não tem mais uso, doar.

Em cada caixa, vai algo diferente: roupas, sapatos, livros, comidas, toalhas... minha gente! Parece que morava uma galera aqui, mas não, era só a Noemi.

- Etiquetou as caixas desta vez? A mãe dela perguntou outra vez. É que a filha se esqueceu disso na última mudança, depois, ao desencaixotar, foi uma lambança.

- Acertou com o carreto dia e horário? Houve uma vez que eles se esqueceram do trabalho. Minha filha, aflita, teve que telefonar e pedir que outro a viesse salvar.

Mas disso agora Noemi já sabia e reforçava bem a hora e o dia. Também contava com a ajuda da mãe, Ruth Verde, pois se não... ao invés de andar de carro, teria de ir no caminhão.

O apartamento antigo se esvazia, enquanto o novo se enche de alegria. De alegria e de caixa, sobe, desce, levanta e abaixa. Dia de mudança é como treino de academia, para ficar mais fácil, Noemi chamou o irmão, a mãe, o pai e a tia.

- Todos podem ajudar, mas também querem opinar: coloca o sofá para cá, a mesa fica melhor lá. Aos poucos a mudança vai se ajeitar e no fim do dia poderei deitar, estarei cansada, mas tranquila, pois foi tudo como eu queria.

Noemi dizia e sorria.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Como encontrar um roommate: dicas para não passar sufoco


Antes de mais nada pare, respire, pense e responda: você acha que está preparado para dividir seu espaço com outra pessoa? Lembre-se que não será como um parente, ou seja, alguém que está na sua vida simplesmente por laços sanguíneos. 

Seu roommate vai ser uma pessoas escolhida por você, de livre e espontânea vontade, então um pouco de cautela e prudência nessa hora fazem bem. As dicas a seguir irão ajudar você a maximizar as suas chances de encontrar o melhor companheiro para compartilhar um lar. Se está disposto a isso, vamos lá!

1. Defina suas expectativas

Qual a finalidade da sua busca por um roommate: você já mora em um apartamento alugado, alguém saiu e agora precisa preencher uma vaga ou você está querendo encontrar alguém primeiro para depois alugarem um apartamento juntos? Esse arranjo é por um tempo determinado ou não?

Descobrir suas motivações e definir o que você espera conseguir ao movimentar suas energias para determinada tarefa é o primeiro passo. Parece besteira, mas se você tiver bem claras as suas expectativas, a chance de encontrar alguém compatível com elas torna-se muito maior. E depois, não se esqueça de perguntar para o outro quais as expectativas dele também.

2. Investigue a fundo

Quando já tiver alguns candidatos a futuro roommate nas suas mãos, a primeira recomendação é fazer uma investigação completa de toda a vida pessoal deles. A melhor maneira de realizar essa etapa é através de redes sociais, como o Facebook, onde é possível ter uma noção de estilo de vida, locais frequentados, gostos pessoais e culturais, estudos e trabalhos desenvolvidos pela pessoa.

Tudo pode ser descoberto por meio de páginas que ela curte, eventos que costuma ir e outras informações proporcionadas por ela mesma. Lembre-se que gosto não se discute. Você não precisa encontrar alguém que torça para o mesmo time ou que ouça as mesmas bandas para garantir que será o roommate perfeito. Tudo vai depender do seu nível de tolerância a esses pontos.

3. Olho no olho

Após a triagem virtual, reserve um momento para uma conversa com a pessoa no melhor estilo cara a cara, pois é quando se percebe as sutilezas do comportamento humano; além disso, você terá uma oportunidade de sentir se há afinidade ou não. Se vocês já forem amigos ou se tiverem amigos em comum, convide a pessoa para conhecer o lugar onde você mora, no caso de estar procurando um novo roommate.

Se a pessoa for desconhecida ou você não quiser abrir seu apartamento, o primeiro contato pode contecer em algum ambiente neutro, como um shopping, por exemplo. Proceda da mesma forma se você ainda não tem o apartamento em questão, caso esteja procurando alguém para iniciar essa aventura.

4. Semelhantes ou complementares?

Em se tratando de personalidade, você irá se deparar com duas situações: as iguais à sua e as diferentes. Nem sempre o igual é melhor, há vantagens e desvantagens. Se você é uma pessoa desorganizada e o outro também, quase não terão conflitos por causa disso, porém a casa ficará bastante bagunçada.

Se o outro é organizado do tipo que não se importa de arrumar as coisas, são características complementares. Já se for do tipo que não suporta desorganização, aí as chances de entrarem em conflito são grandes. Verifique as principais dicotomias: Expansivo ou retraído? Falante ou calado? Festeiro ou caseiro? Diurno ou noturno?

5. Confiança é importante

Um roommate será alguém que, bem ou mal, estará mais presente na sua vida do que sua mãe, dependendo do caso. Então, poder confiar nessa pessoa que irá dormir no quarto ao lado e ficar na casa quando você sai é importante. Claro que você não precisa checar antecedentes criminais, a não ser que tenha um bom motivo para isso.

Mas você pode contar com uma segunda opinião de quem já conhece a pessoa, ou então apresentá-la a um amigo que seja mais perspicaz para julgar o caráter dos outros, ou ainda se propor a conhecer a família do outro, caso seja possível. Assim, os laços de confiança vão sendo estabelecidos e você ficará mais tranquilo.

6. Sem pressa, sem pressão

Se você passou pelas dicas anteriores e ainda não encontrou o roommate perfeito, não se precipite, escolher qualquer um ou o menos pior pode ser fatal. Por isso, é recomendável que sempre comece a procurar alguém para dividir apartamento com antecedência. Assim o fator “falta de tempo” não irá lhe influenciar numa má decisão.

E, se durante o processo de busca, um dos candidatos estiver muito empolgado e insistindo demais para ser escolhido, não entre nessa pressão. Até mesmo amigos podem querer influenciar sua decisão, favorecendo alguém que você não tem total certeza. O ideal é tomar a resolução final de forma calma e ponderada.

7. Sr. Barriga x Sr. Madruga

Uma vez que você já tenha arranjado seu candidato preferido, é preciso submetê-lo a certas “condições prévias” que irão garantir o seu sossego depois, caso algo venha a dar errado. E um dos pontos que pode dar um conflito nada fácil de lidar é na hora das cobranças: e se você precisar bater na porta do quarto do outro e exigir: pague o aluguel, como fazia o Sr. Barriga com o Sr. Madruga?

Para evitar isso, se você está na situação de já morar no apartamento, pode pedir que o outro deixe um valor de caução, de 1 a 3 meses de aluguel, por exemplo. Se estão entrando juntos em um novo apartamento, podem combinar algum outro esquema que seja mais justo para ambos. A questão de sair do imóvel também entra nessa: precisa dar aviso prévio quanto tempo antes?

8. Cartão verde, amarelo ou vermelho?

Defina também as “regrinhas” com seu futuro roommate antes de fecharem o acordo. Vocês precisam esclarecer o que acham que está liberado e se ambos concordam, o que não acham tão legal que aconteça ou se faça, mas ainda assim toleram e o que realmente não suportam.

Vale pegar a comida do outro? Precisa pedir antes ou é só avisar depois? Pode fumar na varanda, dar uma festinha sem planejar ou transar no sofá? Claro que muita coisa é questão de bom senso e respeito, principalmente se vocês partirem do princípio: não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem para mim, mas é sempre bom estabelecer as regras do jogo antes.

9. Divisão de território

Aliás, falem sobre tudo, mas tudo mesmo. Uma conversa clara e franca só tende a aumentar suas chances de construir um ambiente leve. Toque em todos os pontos do que for de uso comum: da televisão até a limpeza geral do apartamento e principalmente da cozinha, para que a louça não se torne motivo de brigas.

Como será a organização dos armários, dos espaços na geladeira, a rotina de separar e tirar o lixo, a rotatividade no uso da máquina de lavar e do varal, quem repõem os produtos para a casa? E do que for de ordem pessoal: onde esticar a toalha de banho e colocar a roupa suja, pode entrar no quarto do outro sem pedir, quais os limites para a luz acesa, o som alto, as visitas? Uma vez demarcado o território: paz!

10. O que fazer se der errado?

Seguindo as dicas anteriores, você terá cercado, por quase todos os lados, aquilo que é passível de ser controlado previamente. Mas o conhecimento verdadeiro sobre alguém só vem com a prática, é no dia a dia que se cria intimidade e se aprende a conviver de fato.

Pode ser que ao longo do tempo aconteçam pequenos aborrecimentos, a chave para superá-los é ser mais tolerante e sempre sincero: caso sinta-se incomodado, diga isso de forma educada. Se os conflitos começarem a passar dos limites, você estiver se sentindo mal, sem vontade de voltar para casa e perceber que fez a escolha errada, o que fazer? Recomeçar, sem desistir jamais e aprendendo sempre.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

De Sampa para Toronto: uma leve mudança de ares

Casal conta como pretende manter o mesmo estilo de vida que possui hoje, mas indo morar, estudar e trabalhar no Canadá



A designer gráfica Julia Melo, de 30 anos, freelancer e sócia de uma pequena editora com a mãe, e seu esposo, Ronald Augusto, 31 anos, formado em gestão empreendedora, atuando na área de gerenciamento de categoria em uma rede de supermercados, moram juntos em um apartamento na região de Pinheiros, em São Paulo, há quase 5 anos. Desde janeiro, porém, esse estilo de vida ganhou um novo significado quando tomaram uma decisão: “vamos continuar morando de aluguel para não haver nada que nos prenda, assim poderemos ir viver no Canadá”.

Qual o plano de vocês?
Julia: Bem, estamos pensando nisso desde janeiro de 2016. Começamos pesquisando quais os melhores países para se viver, que fossem fáceis de conseguir cidadania para quem não tem parentes. Nós ficamos entre Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
Ronald: No fim das contas, foi o fuso horário que definiu, não queríamos algo que fosse tão distinto de São Paulo, pois assim a Julia poderia continuar com alguns clientes daqui, fazendo jobs à distância.
Julia: Agora estamos decididos: vamos em julho de 2017.

O que os motivou a tomar essa decisão?
Ronald: Já estamos com 30 anos, daqui a pouco não dá mais tempo de fazer essas doideiras (risos) e lá teremos mais oportunidades também.
Julia: Para sermos francos, estamos um pouco desiludidos com a política e a situação financeira do Brasil, queremos viver em um lugar que valorize mais as pessoas. Acreditamos que é uma experiência com ganhos pelos dois lados, conseguindo morar lá definitivamente ou não. Então por que não arriscar? Não temos nada que nos prenda aqui no Brasil!

E onde querem morar no Canadá?
Julia: Na cidade de Toronto, já vimos que existe voo direto de São Paulo. E vamos ter o mesmo estilo de vida que aqui, viver de aluguel também. Descobrimos que um apartamento equivalente ao que moramos hoje, em Pinheiros, e pagamos cerca de R$ 2.700,00 encontraríamos por R$ 1.300,00 em Toronto.
Ronald: Sobre o Canadá, em si, além do fuso horário permitir fazer trabalhos para o Brasil de forma mais direta, eles aceitam imigrantes numa boa e o dólar canadense é muito mais barato que euro ou dólar americano.

Já pesquisaram a respeito do visto?
Julia: Bastante. O processo de visto demora cerca de 2 meses, vimos os documentos já, mas a imigração é mais complicada, leva uns 2 anos. O plano é: eu pegaria um visto de estudante que me permitiria trabalhar 20 horas por semana.
Ronald: Eu, como cônjuge, ganharia um visto de trabalho que me permitiria atuar full time, 40 horas por semana. Com esse visto podemos ficar o tempo do curso dela e mais o mesmo tempo novamente.
Julia: Se for uma pós-graduação de 2 anos, conseguiremos ficar por 4 anos com o visto, por exemplo, e na segunda metade do período eu já poderia trabalhar full time também.

Como vocês estão organizando as finanças para essa mudança?
Ronald: Fizemos as contas e vimos que, mesmo alugando um apartamento, com um pouco de disciplina, conseguiremos guardar algum dinheiro, portanto não precisamos alterar nosso estilo de vida, ainda bem, porque adoramos poder morar em Pinheiros.
Julia: Também já juntamos mais da metade do valor vendendo um apartamento que tentamos adquirir por meio de financiamento. Há alguns anos, compramos na planta e percebemos que não valia a pena, ficamos assustadíssimos com os juros das construtoras, o quanto a gente pagava e não mudava o saldo final, imagina ficar 30 anos presos a essa dívida?

Quanto pretendem juntar para a viagem?
Julia: Vamos levar no total 150 mil reais, daria para ir com menos, mas somos muito organizados. É um valor que pensávamos em usar de entrada em um apartamento próprio algum dia, mas felizmente os planos mudaram para melhor!

E quando estiverem lá, como pretendem se manter?
Julia: Bom, eu faria uma pós-graduação dentro da minha área, trabalharia com os clientes atuais do Brasil e tentado prospectar novos cliente por lá. Pretendo estudar design digital, pois atualmente minha especialidade é design gráfico impresso e editorial, mas essa área está enxugando. Então, mesmo se a gente acabar voltando para o Brasil, terei uma especialização numa área que está crescendo e com curso no exterior.

Ronald: Já eu estudaria inglês no início para melhorar meu nível e paralelamente procuraria algum trabalho genérico em escritório, tipo assistente comercial ou administrativo, seria um downgrade na minha carreira, mas compensa, vamos manter um padrão de vida parecido, pois o custo de vida lá é bem menor.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

As gatas são as donas do pedaço!

Você adaptaria seu apartamento alugado para dar mais espaço e conforto aos seus animais de estimação? 

Essa é a história de Simone Aparecida Alves de Araújo, uma mineira natural de Betim, que vivem em São Paulo desde 2003, é solteira, tem 40 anos, mora em um apartamento alugado no bairro da Pompeia, na companhia de mais sete gatas. Ela optou pelo sim.

O começo da história

“Eu estava acostumada a ter animal, então quando vim para São Paulo resolvi adotar a primeira gata. Pouco tempo depois peguei mais uma, para fazer companhia, e as duas se deram super bem, estão ambas com 13 anos agora”, conta Simone, que ainda nessa época poderia ser considerada uma pessoa “comum”, tanta gente tem duas gatinhas num apartamento, não é mesmo?

Simone é editora de áudio e por conta do trabalho precisou passar um período de 2 anos em Curitiba. Foi na capital do Paraná que ela encontrou sua terceira gata. “A Nina é a que mais exige cuidados, ela tem uma patinha menor, por isso não costumava subir nos móveis e nem brincar tanto, é cheia de alergias, não posso usar determinados produtos para limpar a casa, por exemplo”, explica.

De Curitiba, Simone voltou para Betim por seis meses e pela primeira vez enfrentou problemas no aluguel de um apartamento por conta das três gatas. “No condomínio era proibido ter gato, então entrei escondida com elas, só que o apartamento era no térreo e um dia uma criança viu as gatinhas, fiquei com receio de tirarem elas de mim ou nos expulsarem de lá”, confessa ela.

No entanto, o advogado João Paulo Cruvinel explica: “Atualmente, o Condomínio pode até ter em sua convenção ou registro em assembleia a restrição a animais, mas a jurisprudência tem caminhado no sentido de invalidar essas disposições, uma vez que inexiste qualquer proibição legal à permanência de animais na propriedade privada”.

Depois do episódio, no entanto, ela adotou o hábito de sempre perguntar nos apartamentos que aluga se pode ter animal antes de fechar o contrato. “Nesse último apartamento que entrei, falei que tinha animais para o corretor, mas não dei detalhes de quantos eram”, conta ela.

Como a presença de animais no imóvel é lícita, Simone só não poderia levar as gatas caso o proprietário se manifestasse em contrário. “O proprietário está no direito dele de alugar uma propriedade sua sem permitir a permanência de animais no imóvel, ao celebrar o contrato, o locatário está concordando com a proibição prevista no contrato”, esclarece João Paulo Cruvinel.

Muita gente estranha quando se diz ter mais de 3 ou 4 gatos e esse aspecto deixa Simone inconformada: “As pessoas têm preconceito quando falo que moro com sete gatas, elas pensam que sou algum tipo de acumuladora, que meu apartamento deve cheirar muito mal, mas não é assim, nem se vê todas ao mesmo tempo”, explica.

A família aumentou, e agora?

Em 2010, quando ela voltou a morar em São Paulo, já no bairro da Pompeia, trabalhando bastante de homeoffice, resolveu adotar a quarta gata e foi aí que sua vida começou de fato a mudar, a princípio na sua relação com o pai e terminando com uma necessidade cada vez maior de readequação do espaço em benefício dos animais.

“As duas primeiras gatas meu pai foi super a favor, na terceira ele achou que era muito, mas ainda assim me ajudou a cuidar delas em Betim, mas na quarta... ele já não queria aceitar”, conta Simone e acrescenta: “Nem preciso dizer a cara que ele fez quando peguei mais duas filhotes pouco tempo depois”.

Nos primeiros dez anos, Simone teve objetos comuns para as gatas, desses que se compra em pet shop, como casinhas, caminhas e brinquedos, mas ela sempre estava à procura de produtos mais interessante. “Eu fico de olho nas novidades para gatos, sempre pesquisando na internet, tem muita coisa no exterior, mas aqui quase nada”, lamenta-se ela.

Até quatro gatas o espaço dava, mas a vida já não era tão tranquila, pensando assim, Simone foi adaptando a casa para suas filhas de quatro patas. “Eu tinha um sofá enorme e elas destruíram os braços, então comprei um menor e sem braço”, conta ela, mas a mineira afirma não se importar de ter os móveis “customizados” pelas gatas, a exemplo de sua cadeira de escritório que está toda arranhada.

Mas essa história começou a mudar na metade de 2014, quando Simone conheceu a Pepe Cats, empresa criada por Mariana Lovitto, que possui uma linha de mobiliário planejado para diversos usos e atividades dos felinos. “A ideia é proporcionar maior liberdade de movimentação dos gatinhos, principalmente para aquele que vivem em apartamento e estão sujeitos à obesidade”, explica a proprietária da empresa.

“Eu fiz três projetos seguidos de mil reais cada um mais ou menos”, conta Simone e justifica: “Gostei dos móveis deles por ter um aspecto mais clean e ser de compensado de madeira”. Ela acredita que o custo compensou, não só pelos benefícios, mas pela durabilidade do material: “Alguns estão na varanda, tomam chuva e continuam como novos”, resume Simone.

Uma verdadeira transformação

Assim, a mineira foi adaptando o apartamento para se tornar um playground para gatos. “Foi amor à primeira vista quando minhas gatas perceberam que teriam mais espaço e seria só delas”, conta Simone emocionada, que também descobriu outra vantagem de ter investido nisso: “Hoje elas arranham e mordem os móveis delas e deixam os meus em paz”.

“Logo percebi que uma parede era pouco para as quatro, até mesmo a Nina começou a subir e surgiram brigas pelos espaços, então coloquei mais itens, arranhadores e escadinhas, virou uma festa”, conta Simone. Como o apartamento tinha quase dobrado de área útil, pelo menos para as gatas, ela quis começar uma segunda geração, adotando quase ao mesmo tempo duas filhotes.


Já a sétima gatinha veio somente no apartamento novo, onde Simone mora há quase um ano. “Estava há 9 anos no apê anterior quando o proprietário pediu de volta, comecei a olhar outras opções, queria algo que fosse no bairro, com o mesmo tamanho: 50 m2”, conta ela. O escolhido foi um apartamento no mesmo quarteirão.

Mas uma mudança que, para humanos, quase não faz diferença, para animais é o mesmo que ir a outro planeta. “Precisei readequar a disposição do mobiliário delas e elas estranharam, por outro lado, adoraram a varanda”, relata Simone, enfatizando que até quando chove algumas gatas não querem sair de lá.

E Simone conta, rindo: “A mudança dos gatos foi maior que a minha!”. Ela perdeu o medo de “não poder alterar nada no apartamento porque é alugado” e hoje se apropria do espaço como se fosse próprio, inclusive acredita que vale a pena fazer as reformas que forem necessárias para deixar o ambiente mais acolhedor para sua família, ou seja, ela e as sete gatas.

Nesse replanejamento do espaço, algumas coisas foram montadas e não funcionaram muito bem, como a escadinha no quarto, segundo Simone: “Da cama elas pulavam para a escada, mas tinha ficado muito longe, então chamei a Pepe Cats e eles consertaram”. Observando a movimentação delas, percebeu também que os módulos no escritório haviam ficado muito altos: “Tive que acrescente apenas uma prateleira a mais para facilitar o acesso”.

Ainda acontece de, quando estar trabalhando, as gatas subirem na mesa e ficarem em cima dela, é claro. “Mas agora até isso é bem mais tranquilo, porque elas curtem mais os móveis delas, gostam de ficar no alto” explica Simone. “Os módulos em cima da cama foram ideais para diminuir a lotação na hora de dormir também”, afirma ela e conta que, das sete gatas, umas duas ou três ficam na cama, as outras sobem e se acomodam no canto delas.


Valeu a pena!

Assim como tem gente que sonha em fechar o braço com tatuagens, Simone que fechar as paredes com módulos, prateleiras e objetos para seus animais. “Gosto dos móveis suspenso, não incomodam, livram o chão, quero colocar mais, a parede do corredor ainda está livre”, exemplifica ela, que prefere gastar seu dinheiro com coisinhas para as gatas.
“Minha vida é muito em função delas, penso mais nelas do que em mim, e isso vale até para os móveis e a decoração”, afirma Simone. Ela acredita que valeu a pena toda essa adaptação e adora conviver com esses bichinhos de estimação, que quase não fazem barulho, gostam de limpeza, são carinhosas e também bastante independentes, segundo sua dona.


Aliás, dona não né, tutora. Conforme explica Bruna Penna, estudante que está se formando em Medicina Veterinária e Zootecnia pela Universidade de São Paulo (USP), e é defensora dos animais: “Embora isso não tenham mudado na legislação, acredito que as coisas caminhem para que os animais parem de ser vistos como objetos que possuem donos e passem a ser tratados como seres vivos, que têm um responsável, ou seja, um tutor”.

E a tutora Simone está feliz da vida com seu lar todo animado. “Hoje eu não consigo viver sem as gatas, cada uma delas é especial, aprendo cada dia com elas, como por exemplo a ter mais calma, até me tornei uma pessoa mais caseira”, reflete ela. Se alguns amigos deixaram de visitá-la, por alergia ou mesmo por preconceito, ela não se importa e afirma: “Aqui é a casa delas, minhas gatas são as donas do pedaço e precisam ser respeitadas”.